O ano de 2002 foi marcante para a Ferrari: a equipe conquistou 15 vitórias nas 17 etapas do campeonato, garantindo a Michael Schumacher o título com grande antecedência, enquanto Rubens Barrichello alcançou o segundo lugar. No entanto, apesar do sucesso, a equipe se envolveu em algumas controvérsias ao longo da temporada.
Uma delas e provavelmente a mais famosa ocorreu no Grande Prêmio da Áustria de 2002, quando Rubens Barrichello cedeu propositalmente a vitória para Michael Schumacher. Esta ação foi considerada desnecessária, uma vez que o alemão já possuía uma ampla vantagem no campeonato.
Após esse episódio, Schumacher retribuiu o gesto, auxiliando Barrichello em eventos como o Grande Prêmio dos Estados Unidos, quando devolveu a gentileza.
Episódio inacreditável no GP da França
Outra cena marcante daquele ano ocorreu no Grande Prêmio da França, onde Schumacher conquistou seu título, enquanto Rubens Barrichello ficou parado na largada. Mais do que isso, havia um cavalete que aparentemente obstruía a saída do brasileiro. Esta cena tornou-se famosa, especialmente na internet, com um quadro mostrando o momento exato em que isso ocorreu.
As acusações sugerem que a Ferrari teria sabotado Rubens para evitar que ele atrapalhasse a conquista antecipada do título por Schumacher, que poderia ser alcançada naquela corrida. Mas será que isso é verdade?
Para entender esse incidente, é preciso considerar o contexto da Ferrari F2002, um dos carros mais dominantes da história da equipe italiana. No entanto, apesar de seu excelente desempenho, o carro enfrentava alguns problemas, especialmente devido ao grande número de componentes eletrônicos embarcados. Michael Schumacher chegou a enfrentar uma falha no GP da Espanha, sendo obrigado a utilizar seu carro reserva após o veículo titular parar durante o warm-up de domingo.
Rubens Barrichello foi grandemente afetado por uma série de problemas durante aquela temporada. No GP da Espanha, uma pane hidráulica ocorreu quando o brasileiro se preparava para a volta de apresentação, forçando-o a parar. Em Silverstone, ele teve que largar do final do grid devido a um problema no câmbio, porém, conseguiu uma impressionante recuperação, terminando em segundo lugar.
Logo em seguida veio o GP da França, onde no grid de largada, Schumacher estava em segundo e Barrichello em terceiro. Parecia estar tudo conforme o esperado, com os carros da Ferrari posicionados em suas respectivas posições no grid.
Apenas 30 segundos antes do início da volta de apresentação, conforme estipulado pelo protocolo, os motores foram ligados. Entretanto, houve uma exceção no caso do carro do piloto da Ferrari número 2.
Na tentativa de ligar o carro, os mecânicos o deixaram sobre os cavaletes. Apesar da pressa, de acordo com as regras, não era permitido tocar no carro após a chamada para a volta de apresentação.
Ainda assim, conseguiram remover um dos cavaletes, mas o da frente permaneceu. Enquanto os carros começavam a se movimentar para a volta de apresentação, neste exato momento ocorreu o incidente que se tornou famoso.
A Ferrari fez de tudo para tentar ligar o carro a tempo de Barrichello alinhar no grid, incluindo a troca do volante, porém, sem sucesso. O carro foi levado de volta aos boxes para tentar resolver o problema, mas sem êxito. O problema elétrico/eletrônico generalizado foi a causa do incidente, impedindo que o motor fosse ligado mesmo após tentativas de reinicialização.
A teoria de que a Ferrari teria sabotado Barrichello para favorecer Schumacher perde força, uma vez que outro piloto, Juan Pablo Montoya, da Williams, também poderia atrasar o título do alemão.
Até as últimas voltas da corrida, o jovem Raikkonen (McLaren) parecia destinado à sua primeira vitória, com Schumacher em segundo e Montoya em quarto. No entanto, Allan McNish (Toyota) estourou o motor, deixando uma mancha de óleo na pista.
Raikkonen escorregou e Schumacher aproveitou para ultrapassá-lo faltando cinco voltas para o fim. A partir desse momento, Schumacher apenas precisou administrar a corrida para conquistar seu quinto título, igualando Juan Manuel Fangio, o maior campeão até então, que detinha o recorde isolado desde 1955.