O dia que Michael Schumacher não quis saber e colocou água no Chopp da torcida brasileira

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Em 27 de março, ocorreu uma edição memorável do Grande Prêmio do Brasil. Em 1994, Michael Schumacher venceu uma corrida na qual apenas ele, entre os 26 pilotos participantes, conseguiu completar as 71 voltas e estregou a festa dos torcedores brasileiros.

Ayrton Senna, que havia travado um duelo acirrado com o alemão durante todo o fim de semana, rodou com sua Williams já nas últimas voltas da corrida e teve que abandonar. Essa foi a última participação de Ayrton correndo em sua terra natal.

Como foi a corrida?

Com Interlagos lotado, Senna e Schumacher protagonizaram um duelo intenso desde a classificação. Naquele sábado, ficou evidente que, pelo menos na primeira etapa do campeonato, a disputa se restringia apenas a esses dois pilotos. A diferença em relação aos demais concorrentes era significativa.

Além do resultado esmagador testemunhado durante a corrida, o abismo entre os pilotos já estava claro na definição do grid: Ayrton Senna conquistou a pole position com um tempo de 1min15s962, uma vantagem sólida de 0s328 sobre a Benetton de Schumacher e uma impressionante diferença de 1s423 para o terceiro colocado, Jean Alesi, da Ferrari. Na classificação competitiva, Christian Fittipaldi levou a Footwork ao 11º lugar, enquanto Rubens Barrichello largou em 14º com a Jordan.

A corrida do dia seguinte seguiu a mesma linha. A batalha permaneceu entre os dois principais pilotos, sem qualquer outro competidor se mostrando candidato à vitória.

No entanto, a largada trouxe um momento de tensão para Schumacher, que foi ultrapassado por Alesi enquanto Senna liderava. Em apenas duas voltas, o alemão recuperou a segunda posição e partiu em busca do piloto brasileiro da Williams.

Senna conseguiu abrir uma vantagem de quase 5 segundos no primeiro stint, mas Michael reduziu a diferença. Ambos entraram nos boxes para o primeiro pit-stop praticamente ao mesmo tempo e, nesse momento, a equipe Benetton teve um desempenho superior, colocando o jovem alemão na liderança.

E ele não saiu mais de lá. Nas voltas seguintes, Michael impôs um ritmo forte e a distância entre os dois chegou a ultrapassar os 10 segundos após a segunda rodada de paradas. No meio disso tudo, houve um acidente de grandes proporções que eliminou da corrida Martin Brundle, Eddie Irvine, Jos Verstappen e Éric Bernard.

A perseguição de Ayrton ganhou força novamente a 20 voltas do fim. O tricampeão aproveitou o momento em que Schumacher estava ultrapassando Damon Hill, companheiro de equipe de Senna na Williams e então terceiro colocado. A diferença caiu para 5 segundos, prenunciando um final de corrida emocionante. Mas isso não aconteceu.

Na tentativa de alcançar Michael, Senna perdeu o controle na saída da Junção e rodou. Fim de prova para o ídolo local e caminho aberto para Schumacher conquistar a vitória, com mais de uma volta de vantagem sobre o restante do grid. Hill e Alesi completaram o pódio, com Barrichello realizando uma excelente corrida de recuperação e levando a Jordan ao quarto lugar.

A esperança da torcida brasileira caía por terra. Havia grande expectativa, pois, essa era a primeira corrida de Ayrton Senna pela Williams, considerada por muitos como a grande equipe da Fórmula 1 naquele momento.

Ukyo Katayama, da Tyrrell, e Karl Wendlinger, da Sauber, completaram a zona de pontuação. Fittipaldi teve que abandonar logo no início da corrida devido a um problema na transmissão. No final, apenas 12 pilotos conseguiram cruzar a linha de chegada.

Esse acabou sendo o último Grande Prêmio do Brasil de Senna, que faleceu duas corridas depois, em um acidente no Grande Prêmio de San Marino, em Ímola. Ao longo de sua carreira, além dos três títulos mundiais, Ayrton conquistou duas vitórias em sua corrida em casa, em 1991 e 1993, ambas em Interlagos.

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