Não é só o caso Horner: Relembre alguns escândalos que abalaram a Fórmula 1

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Dos escândalos envolvendo carros de corrida “bombardeados” ao caso recente ligado ao chefe da equipe Red Bull, e passando pelo incidente do “crash gate” em Singapura, a Fórmula 1 muitas vezes se encontra diante dos tribunais.

O prestígio e a reputação da Fórmula 1 são de grande magnitude, e seria razoável esperar uma conduta correspondente por parte dos pilotos e chefes de equipe. No entanto, não é incomum surgirem escândalos que minam a suposta “incorruptibilidade” da categoria, tanto em termos esportivos quanto administrativos e de gestão. Vamos examinar alguns desses episódios.

Exclusão da Tyrrell do campeonato mundial

Em 1984, a equipe Tyrrell parecia ter recuperado seus níveis competitivos após um declínio nas temporadas anteriores. Em particular, Stefan Bellof se destacou com um impressionante terceiro lugar sob chuva em Monte Carlo, na corrida que marcou a ascensão de Ayrton Senna ao estrelato do automobilismo.

Martin Brundle também teve um desempenho notável, conquistando o segundo lugar no Grande Prêmio de Detroit. No entanto, o problema surgiu na corrida seguinte, em Dallas, no Grande Prêmio Oeste dos EUA.

A equipe britânica levou o carro para a pista abaixo do peso regulamentar, e para passar facilmente nas verificações pós-corrida, inseriu bolinhas de chumbo no tanque de injeção de água durante o reabastecimento, coincidindo com a última parada nos boxes.

A FISA, órgão que controlava a Fórmula 1 na época, foi inflexível e desclassificou retroativamente a Tyrrell, anulando todos os resultados obtidos até Dallas. A equipe britânica contestou a decisão e participou do Grande Prêmio da Holanda em Zandvoort, mas a sanção foi confirmada, levando à exclusão da Tyrrell das corridas restantes do Campeonato Mundial de 1984.

Schumacher desqualificado do mundial

A final do Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 1997 ocorreu em Jerez de la Frontera, na Espanha, onde Michael Schumacher, da Ferrari, e Jacques Villeneuve, da Williams Renault, disputaram acirradamente pelo título e travaram uma batalha intensa durante toda a corrida.

A poucas voltas do final, Schumacher tentou ultrapassar Villeneuve na curva “Dry Sack”, resultando em um leve contato que levou ambos os carros para a área de escape. Villeneuve conseguiu retornar à corrida, enquanto Schumacher ficou “preso” e perdeu qualquer chance de conquistar seu terceiro título mundial.

Nos dias seguintes, uma grande polêmica se desencadeou: Schumacher foi acusado de ter agido de forma antiética, semelhante ao episódio de Adelaide em 1994, pra cima de Damon Hill, e pediu-se uma punição exemplar para o piloto.

Em pouco tempo, veio o golpe: Schumacher perdeu todos os pontos conquistados em 1997, apesar dos resultados esportivos. Além disso, o alemão enfrentou o risco de desqualificação severa se cometesse uma infração semelhante novamente.

Tal severidade foi considerada excessiva, especialmente levando em conta que em anos anteriores episódios semelhantes geralmente resultavam apenas em advertências simples ou em “probation” temporária da licença do piloto.

O escândalo de Singapura

Em 2008, o Grande Prêmio de Cingapura ocorreu no desafiador circuito urbano. A corrida noturna na Ásia viu os carros da Renault surpreendentemente competitivos durante os treinos livres, embora tanto Fernando Alonso quanto Nelson Piquet Júnior tenham largado de posições desfavoráveis devido a diversos contratempos.

Durante a corrida, Alonso realizou um reabastecimento significativamente antecipado, já na décima segunda volta. Essa estratégia deixou os engenheiros surpresos, mas apenas duas voltas depois, Piquet Júnior acabou batendo nas barreiras, provocando a entrada do carro de segurança e nivelando a disputa entre as equipes.

Alguns competidores aproveitaram para reabastecer durante o período de neutralização, resultando em penalidades, enquanto outros foram forçados a aguardar até o reinício da corrida. Em particular, Felipe Massa, da Ferrari, cometeu um erro grave em sua parada nos boxes, danificando a mangueira de abastecimento de combustível.

Graças ao reabastecimento antecipado, Alonso conquistou uma vantagem que o permitiu manter a liderança até a bandeira quadriculada. Parecia uma combinação perfeita de estratégia e sorte, mas em setembro de 2009 a verdade veio à tona.

Nelson Piquet Jr, recentemente demitido da Renault, admitiu que em Singapura a equipe francesa o instruiu a bater o carro para beneficiar Alonso. Como recompensa, o brasileiro teria garantido a renovação de seu contrato para 2009.

O resultado foi um julgamento que resultou na desqualificação da Renault por dois anos. Após um recurso apresentado por Pat Symonds e Flavio Briatore, que lideravam a equipe na época, foram impostas várias penalidades.

Briatore foi inicialmente banido dos eventos da Fórmula 1. No entanto, em termos esportivos, o resultado em Singapura não mudou muito: Alonso nunca foi informado dos planos da equipe Renault. A infração cometida pela Renault acabou custando a Felipe Massa pontos cruciais para o título, que acabou perdendo a duas curvas do final do Grande Prêmio em Interlagos.

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