Fórmula 1 na TV: Quais emissoras já transmitiram a categoria no Brasil?

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A Fórmula 1 ao longo de décadas se tornou uma paixão para o brasileiro. As grandes conquistas de pilotos como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna, ficaram eternizadas na memória dos torcedores através da tela da TV em grandes transmissões. Mas você sabe quais emissoras já transmitiram a categoria aqui no Brasil?

As transmissões ao vivo da Fórmula 1 para o nosso país, tiveram início em 1970, quando o público brasileiro teve a oportunidade de assistir à primeira corrida exibida, o GP da Grã-Bretanha em Brands Hatch, realizado em 18 de julho, corrida que marcou a estreia de Emerson Fittipaldi.

Essa transmissão histórica foi uma parceria entre a TV Record, de São Paulo, e a TV Rio, do Rio de Janeiro, ambas fazendo parte da Rede de Emissoras Independentes (REI). Wilson Fittipaldi, conhecido como “Barão” e pai de Emerson e Wilsinho, foi o narrador das corridas. Ele já tinha experiência em narrações no rádio pela Jovem Pan e também era um notável promotor de corridas no Brasil, sendo um dos responsáveis pelas Mil Milhas Brasileiras em Interlagos.

A importância desse feito para o automobilismo brasileiro pode ser percebida ao compará-lo com a primeira transmissão ao vivo da Copa do Mundo de futebol no mesmo ano, no México, onde a Seleção Brasileira conquistou o tricampeonato.

No entanto, naquela época, as transmissões da Fórmula 1 ainda não abrangiam todas as provas devido à falta de estrutura. Os brasileiros não puderam assistir ao vivo à primeira vitória de um piloto do país na categoria, quando Emerson Fittipaldi triunfou em Watkins Glen, nos Estados Unidos, no mesmo ano.

Nos anos seguintes, os acordos para transmitir as corridas eram feitos por Grandes Prêmios, e nenhum canal se tornou a verdadeira casa da Fórmula 1. A Tupi, de São Paulo, com o jornalista Tércio de Lima na locução, transmitiu os GPs da Bélgica e Mônaco de 1972 em parceria com a Globo, que também começava a se interessar pela Fórmula 1. A Record conseguiu transmitir o GP da Itália, que consagrou Fittipaldi como o primeiro campeão brasileiro da Fórmula 1.

Na tela da Globo a Fórmula 1 vira mania nacional

Em 1980, a Band tornou-se a pioneira ao transmitir ao vivo e na íntegra todas as corridas de uma temporada da Fórmula 1. Nesse mesmo ano, a TV Cultura também se juntou à transmissão e mostrou o GP do Brasil, realizado em Interlagos.

Após um período de cinco anos sem vitórias brasileiras, o público pôde testemunhar o surgimento de um novo ídolo, Nelson Piquet, que conquistou sua primeira vitória na etapa de Long Beach daquela temporada. Além dessa vitória, ele também triunfou nos GPs da Holanda e Itália, terminando o campeonato na segunda posição, após liderar a competição até duas corridas antes do final da temporada.

A equipe responsável pela narração era composta por Galvão Bueno e Fernando Solera, com José Maria Ferreira nos comentários e Álvaro José dividindo as reportagens com Ana Aragão.

De olho na perspectiva de ter um brasileiro competindo por títulos, a Globo reassumiu os direitos de transmissão da Fórmula 1 para a temporada de 1981 e não se decepcionou com sua aposta. Nelson Piquet não apenas venceu o campeonato naquele ano, mas também iniciou uma sequência impressionante de seis títulos brasileiros em uma década, com a chegada posterior de Ayrton Senna.

Luciano do Valle liderou as transmissões até deixar a emissora em 1982, quando Galvão Bueno assumiu o posto de titular na transmissão da F1 no Brasil, ao lado do comentarista Reginaldo Leme, formando a dupla mais icônica das transmissões da categoria.

Ao longo da década, Ayrton Senna, que tinha uma perspicácia excepcional em marketing e publicidade, se tornou uma estrela gigantesca da Globo, participando de diversos programas da emissora e alcançando uma fama ainda maior do que qualquer jogador de futebol da época.

Esse fenômeno impulsionou significativamente a audiência das corridas e os acordos comerciais da Globo, a qual, em certo momento, se tornou praticamente a detentora dos direitos da Fórmula 1 no Brasil. Por um período, a emissora carioca esteve, de fato, envolvida como uma espécie de sócia no GP do Brasil.

A queda na Globo e a volta para a Band

A Globo consolidou-se como sinônimo de Fórmula 1 no Brasil. Diferentemente do futebol, onde ocasionalmente outras emissoras podiam transmitir campeonatos importantes ou fazer parcerias de sublicenciamento com o grupo carioca, a categoria de automobilismo sempre parecia distante para qualquer concorrente.

Entretanto, nos últimos anos, essa realidade começou a mudar. Em 2016, o grupo americano Liberty Media adquiriu o controle do Grupo F1, empresa que detém os direitos comerciais do campeonato e que anteriormente pertencia a um fundo de investimento, a CVC, com Bernie Ecclestone como líder.

Bernie Ecclestone sempre viu a Globo como uma grande aliada no Brasil. Por sua vez, a Liberty, ao analisar a situação de seu produto no país, decidiu fazer mudanças no modelo de negócios tanto do GP local quanto na transmissão das corridas. Além do aspecto financeiro, os americanos desejavam reformular a forma como conduziam seus negócios no país, abrindo espaço para o lançamento do F1 TV, um serviço de transmissão por streaming da categoria, e buscando parcerias comerciais locais.

Em 2020, a Fórmula 1 chegou a um acordo com a empresa Rio Motorsports para levar o GP do Brasil a um novo autódromo no Rio de Janeiro, incluindo os direitos de TV que seriam sublicenciados. No entanto, a parceria não se concretizou, já que o novo circuito não obteve as licenças ambientais necessárias e a Rio Motorsports não conseguiu fechar patrocínios e uma parceria para transmitir a Fórmula 1 em outro canal.

Diante disso, a Globo retornou à negociação, mas a Fórmula 1 pediu um valor elevado pelos direitos. Como a atual estratégia do grupo da família Marinho não permite investimentos tão altos em transmissões esportivas, como já se demonstrou quando abriu mão de campeonatos de futebol como a Libertadores, a emissora não pôde aceitar a proposta.

A Fórmula 1 então buscou outras opções e, após conversas com SBT e Record, chegou a um acordo com a Band. Embora recebesse um valor menor diretamente pelos direitos em relação ao que obtinha da Globo, a F1 aumentou sua participação nas parcerias comerciais locais e lançou o F1 TV.

O novo contrato com a Band teve validade de duas temporadas, 2021 e 2022, e a primeira transmissão foi do GP do Bahrein, em 28 de março. A Band prometeu uma cobertura mais extensa em seus programas esportivos e jornalísticos, além de um pré-show antes das provas e a transmissão dos pódios, algo que a Globo havia transferido para a internet nos últimos anos. Recentemente a emissora da família Saad renovou o contrato e será a casa da Fórmula 1 até 2025.

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