Sabia dessa? Ayrton Senna e Emerson Fittipaldi já dividiram a pista pilotando na F1

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Após encerrar sua carreira na Fórmula 1 no final de 1980, Emerson Fittipaldi passou a trabalhar nos bastidores da equipe Fittipaldi ao lado de seu irmão Wilsinho, que enfrentava dificuldades financeiras.

Apesar de contar com profissionais experientes como Peter Warr e Harvey Postlethwaite, além de talentosos pilotos como Keke Rosberg e Chico Serra, a equipe enfrentou um declínio financeiro e os irmãos Fittipaldi foram obrigados a fechar as operações no final de 1982.

No ano seguinte, Emerson redescobriu sua paixão pela velocidade ao se envolver em emocionantes disputas de superkarts em pistas montadas no estacionamento do estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Enquanto isso, a equipe Spirit, fundada por Gordon Coppuck e John Wickham, estava iniciando sua primeira temporada na Fórmula 1, apresentando o motor Honda turbo e o piloto sueco Stefan Johansson ao volante do único carro. Entretanto, para a temporada de 1984, o modesto time precisou encontrar uma nova solução após o fabricante japonês se dedicar exclusivamente à Williams, optando então por correr com os motores Hart.

Nos bastidores, surgiram outras questões. A equipe conseguiu um influxo de recursos provenientes do piloto italiano Fulvio Ballabio, herdeiro do grupo Mondadori, famoso por publicar os quadrinhos do Mickey Mouse na Europa. No entanto, Ballabio enfrentava o desafio de ter pouca experiência e não possuía a superlicença, um documento essencial para competir na Fórmula 1.

O convite para Emerson Fittipaldi

Gordon Coppuck, responsável pelo projeto da McLaren M23 que levou Emerson ao título em 1974, teve uma ideia: por que não convidar Emerson para testar o modelo 101 no Rio de Janeiro, onde a temporada se iniciaria?

Além de fornecer valiosas informações para melhorar o carro, havia a possibilidade de persuadir Emerson a retornar às corridas e ajudar Ballabio a se desenvolver. Imagine só: se Emerson voltasse, o Brasil teria no grid, além dele, o recém-coroado bicampeão Nelson Piquet (que não estava presente na semana de testes em Jacarepaguá) e o promissor estreante Ayrton Senna.

O carro Spirit 101 entregue a Emerson no escaldante autódromo de Jacarepaguá deixava muito a desejar, tanto em desempenho quanto em confiabilidade. No primeiro dia, os tempos de Fittipaldi não foram competitivos e o motor acabou quebrando.

Emerson desistiu da possível volta

No início, o “Rato” tentou manter o otimismo ao destacar as melhorias no chassi após alterações nas molas e na barra estabilizadora. No entanto, no dia seguinte, mais problemas surgiram, e o bicampeão conseguiu apenas o 17º tempo. Foi o suficiente para ele desistir da empreitada, naturalmente.

– A minha vontade de voltar a guiar Fórmula 1 é competir. E se eu não tiver chance de competir, de competir bem, não vou voltar. O objetivo da Fórmula 1 é ganhar, e a minha volta como piloto tem de ser para andar entre os principais lá na frente. E se eu não tiver chance de andar entre os principais, não vou voltar, não – cravou Emerson à TV Globo.

Fulvio Ballabio ficou na penúltima posição entre os pilotos que testaram durante a semana em Jacarepaguá e não conseguiu obter a superlicença para competir na Fórmula 1.

O piloto atribuiu a culpa à federação local por não ter apresentado o pedido do documento à FISA, o braço esportivo da FIA na época. Curiosamente, Ballabio e Emerson se tornariam colegas de pista na Fórmula Indy anos mais tarde.

O plano da Spirit de alinhar dois carros com um patrocinador de proporções razoáveis desmoronou. A responsabilidade foi transferida para o italiano Mauro Baldi, que havia competido pela Arrows e Alfa Romeo em 1982 e 1983, conquistando cinco pontos na F1.

Baldi conseguiu dois oitavos lugares (África do Sul e San Marino), mas deixou a equipe para dar lugar ao holandês Huub Rothengatter, que conquistou mais alguns oitavos lugares (Itália e Europa). Apesar disso, a situação não foi tão desastrosa. Com Baldi de volta, a Spirit participou apenas dos três primeiros GPs de 1985 antes de abandonar a Fórmula 1.

Emerson recuperou definitivamente seu amor pelas corridas em 1984 ao participar de uma prova de protótipos em Miami. Pouco depois, estava pronto para alinhar no grid da Fórmula Indy, marcando o início de uma segunda fase brilhante em sua carreira.

Durante esse período, conquistou 22 vitórias, incluindo duas nas 500 Milhas de Indianápolis (1989 e 1993), além de um título em 1989. Fittipaldi teve a oportunidade de reencontrar seu amigo Senna na mesma pista em 1992, durante um teste do tricampeão com um carro da Penske em Firebird, no estado do Arizona.

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