Por que Gabriel Bortoleto conseguiu vaga de piloto principal na F1 antes de Felipe Drugovich?
Desde a saída de Felipe Massa da Fórmula 1 no final de 2017, os fãs brasileiros do automobilismo ficaram à espera de quem seria o próximo piloto do nosso país a correr na principal categoria do automobilismo mundial.
Sete anos depois a espera terminou, com Gabriel Bortoleto sendo anunciado pela equipe Sauber para temporada 2025. Porém, antes de Bortoleto, outros nomes foram cotados e o mais forte deles foi sem dúvida foi Felipe Drugovich, campeão da Fórmula 2 em 2022.
Mas aí fica uma questão na cabeça de muitos torcedores: por que Gabriel Bortoleto “furou a fila” e conseguiu a vaga de piloto principal na Fórmula 1 antes de Felipe Drugovich?
O que aconteceu com Felipe Drugovich?
Já está mais do que claro que talento não é problema. Felipe Drugovich foi campeão da Fórmula 2 em 2022 e passou a integrar a Aston Martin na F1 desde então como piloto reserva e de desenvolvimento. No entanto, vem o primeiro e grande problema: a falta de oportunidades na equipe de Silverstone.
O time conta com dois pilotos estabelecidos: Fernando Alonso, pela experiência de um bicampeão mundial e Lance Stroll, simplesmente o filho do dono da equipe e que apesar de não ter resultados expressivos (muito pelo contrário) tem um dos lugares mais seguros da categoria.
Outra questão que poderia ser um problema são os patrocinadores, mas de acordo com o empresário do piloto, isso também não é uma barreira. Amir Nasr, responsável pela carreira de Felipe Drugovich, afirmou: “patrocinador não é problema. Temos até mais do que o suficiente. Temos parceiros leais, sólidos, que vão com a gente para onde for”.
Com isso, é possível concluir que Drugovich “explodiu no momento errado” para se ter uma base do tamanho azar do brasileiro, na virada de 2023 para 2024 nenhuma posição no grid da Fórmula 1 foi alterada, todos os pilotos foram mantidos em suas respectivas equipes, algo que aconteceu pela primeira vez na história. Diferentemente da situação de Bortoleto, que atingiu uma grande fase em uma das maiores mudanças no grid da categoria, onde a “dança das cadeiras” agitou a categoria ao longo desse ano.
Como Bortoleto conseguiu chegar na Fórmula 1?
O excelente currículo de Gabriel Bortoleto nas categorias de base foi um fator determinante para seu destaque na Fórmula 1. Ele iniciou sua trajetória em 2020, na Fórmula 4 Italiana, terminando a temporada em quinto lugar com uma vitória e outros quatro pódios. Em seguida, competiu por duas temporadas na Fórmula Regional Europeia (FRECA), alcançando como melhor resultado um sexto lugar em 2022.
Na Fórmula 3, Bortoleto brilhou logo em sua estreia, vencendo no Bahrein e emendando com outra vitória na Austrália. Sagrou-se campeão em sua primeira temporada, tornando-se o primeiro brasileiro a conquistar o título no atual formato da categoria.
Em 2024, estreou na Fórmula 2 pela equipe Virtuosi. Na etapa de Ímola, competindo com um capacete em homenagem a Ayrton Senna, conquistou seu primeiro pódio ao chegar em segundo lugar. Sua primeira vitória veio na Áustria, e, com um quarto lugar no Azerbaijão em setembro, assumiu a liderança do campeonato. Agora restando a corrida final em Abu Dhabi, o brasileiro segue no topo com 0,5 de vantagem sobre Isack Hadjar.
Bortoleto impressionou ainda mais ao vencer a etapa de Monza, na Itália, após largar da última posição, recebendo elogios do perfil oficial da Fórmula 1 e do CEO da McLaren, Zak Brown.
Falando em McLaren, outro fator determinante para Bortoleto foi seu vínculo com a equipe britânica, que terminou no final desse ano. O brasileiro contou com o apoio da Academia de Pilotos do time, uma das mais prestigiadas do automobilismo, para consolidar sua posição na Fórmula 2. Desde 2023, o brasileiro acompanha a equipe em diversas viagens, integrando o programa que revelou nomes como Lewis Hamilton e Lando Norris.
E por fim, Bortoleto ainda contou com outra carta na manga e uma pesada carta. Esse trunfo curiosamente veio de uma figura “responsável” por Drugovich não ter uma chance na F1: Fernando Alonso, piloto da Aston Martin.
Gabriel Bortoleto é assessorado há dois anos por Fernando Alonso, através da A14 Management, empresa fundada pelo bicampeão mundial. Em entrevista ao site ge, o piloto revelou a influência de Alonso na concretização de seu acordo com a McLaren, que possibilitou a abertura de portas na Fórmula 1.
Em resumo, Drugovich apesar de um grande talento não teve as portas abertas na categoria com assentos disponíveis e por estar em uma equipe sem chance nenhuma de mudanças estruturais como é a Aston Martin.
Já Bortoleto explode justamente em um momento de grandes mudanças no grid, está como dizem os jovens no “hype” e ainda contou com uma base sólida dentro e fora das pistas, o credenciando para ser um dos pilares do projeto de uma nova equipe na F1, caso da Audi que assumirá de vez a Sauber a partir de 2026.