Em 1995 a Fórmula 1 tinha o início de uma nova era para os fãs brasileiros. Era o primeiro ano sem Ayrton Senna, vítima fatal de um acidente no GP de Ímola, em 1994. O torcedor não tinha mais o mesmo motivo para acordar cedo, ligar a televisão e acompanhar as transmissões da maior categoria do automobilismo mundial.
E foi exatamente por esse “efeito” que a Rede Globo teve um grande problema no primeiro ano sem o grande ídolo do automobilismo brasileiro. Alguns números provam que a falta de Senna contribuiu para uma queda vertiginosa de pessoas ligadas nas transmissões de Fórmula 1.
O primeiro caso é o GP Brasil de 1995, onde a maior emissora de televisão do país teve uma grande queda na audiência em comparação ao ano anterior. Em 1994, de acordo com o Ibope, cerca de 4,9 milhões de pessoas assistiram a corrida em Interlagos, através dos televisores localizados em São Paulo.
Vale registrar que o GP tinha um grande apelo, sendo o primeiro de Ayrton Senna pela equipe Wiliams. Esses 4,9 milhões de telespectadores representaram 49 pontos de audiência no ibope, mesmo nos anos 90, um excelente número registrado.
Já em 1995, sem Ayrton Senna na pista, a Globo registrou “modestos” 29 pontos de audiência, o equivalente a 2,9 milhões de televisores na cidade de São Paulo acompanhando o GP em Interlagos, vencido por Michael Schumacher, então piloto da Benetton.
Crescimento da Fórmula Indy assustou a Globo
Outro dado relevante que mostrava a queda da popularidade da Fórmula 1, diz respeito a Fórmula Indy, que recentemente havia sido adquirida pelo SBT. Um cenário onde podemos provar essa visão, aconteceu no dia 30 de maio de 1995.
O SBT transmitiu as 500 milhas de Indianápolis, prova nobre da Indy e reconhecidamente uma das maiores do automobilismo mundial. A Globo não ficou atrás no quesito relevância e exibiu pela manhã o famoso GP de Mônaco de Fórmula 1.
A emissora carioca registrou com o GP de Mônaco uma média de 15 pontos na audiência naquele domingo. Enquanto isso, o SBT teve picos de 14 no Ibope durante a exibição das 500 milhas, vencida pelo canadense Jacques Villeneuve. Resultados muito parecidos e inimagináveis tratando-se de um produto tão forte que a Globo tinha em mãos que era a Fórmula 1 e o SBT ainda “engatinhando” nas transmissões de automobilismo.
Esse dado é ainda mais interessante se lembrarmos que Mônaco era uma “casa” para Ayrton Senna. O brasileiro venceu nas ruas de Montecarlo em seis oportunidades. 1987 (Lotus), 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993 (McLaren), explodindo a audiência da emissora carioca.
De fato, a audiência da Fórmula 1 na Globo nunca mais foi a mesma. Uma soma de fatores como o eterno luto pela perda Senna, pilotos brasileiros que não tinham o mesmo carisma e clara evolução nas transmissões com outros meios para acompanhar a categoria máxima do automobilismo mundial.
Tanto que no final de 2020 veio o fim de uma era, com a Rede Globo perdendo os direitos de transmissão para a Band, que até hoje é a responsável por transmitir as emoções da Fórmula 1. E está confirmada como a emissora responsável pela nova temporada da categoria, que está prestes a começar.