No dia 30 de março de 1972, o Brasil viveu pela primeira vez a emoção da Fórmula 1, a corrida em Interlagos não valeu para o campeonato daquele ano, foi um evento extracampeonato realizado em uma tarde de quinta-feira. Mas serviu para abrir as portas da maior categoria do automobilismo para um país que sem dúvida faz parte da história.
O cérebro por trás da vinda da F1 para o país foi o ex-piloto e jornalista Antônio Carlos Scavone, fundador da revista Auto Esporte e, naquela época, diretor da TV Globo. O profissional deu início ao projeto dois anos antes, após uma extensa renovação do autódromo de Interlagos.
Em 1970, ele trouxe um torneio de Fórmula Ford para a pista, servindo como teste para a homologação da pista. No ano seguinte, uma corrida de Fórmula 2 foi disputada, funcionando como um evento experimental para a vinda da F1 em 1972.
As datas também foram um desafio: a primeira tentativa foi alinhar com o GP da Argentina, programado para 23 de janeiro. No entanto, alguns projetos de construção atrasaram o cronograma. Portanto, a única alternativa viável era uma quinta-feira de março, para evitar a sobreposição com uma etapa europeia de F2 no circuito de Thruxton, na Inglaterra.
Naquela época, era comum que os pilotos da F1 competissem nas duas categorias para complementar suas receitas, algo impensável nos tempos atuais. O Automóvel Clube do Estado de São Paulo foi responsável pela organização do evento, disponibilizando um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) para resgate em caso de acidentes, além de oito ambulâncias. Ao todo, 180 funcionários, 500 policiais militares e 92 bombeiros colaboraram.
Dado que se tratava de uma corrida extracampeonato, um fenômeno comum na época, nem todas as equipes da Fórmula 1 participaram, como as importantes Ferrari, McLaren e Tyrrell. Assim, apenas 12 carros estavam no grid. Entre os pilotos, destaques para os irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi, José Carlos Pace, o argentino Carlos Reutemann e o sueco Ronnie Peterson. A pole position ficou com Emerson Fittipaldi, marcando o tempo de 2m32s383, a volta mais rápida já registrada em Interlagos até então.
Reutemann garantiu o segundo lugar no grid, mais de dois segundos atrás. No dia da corrida, somente 11 carros alinharam, uma vez que o BRM do francês Jean-Pierre Beltoise já estava fora da disputa antes mesmo da largada. A vitória ficou com Carlos Reutemann, logo em sua estreia na Fórmula 1. Ronnie Peterson ficou na segunda posição e Wilsinho Fittipaldi completou o pódio. Helmut Marko, da Áustria, chegou em quarto, com o australiano Dave Walker em quinto, e Luiz Pereira Bueno finalizou em sexto. Essa corrida representou o passaporte para a entrada definitiva do Brasil no calendário da Fórmula 1 a partir do ano seguinte.
Brasil entrou no calendário para ficar
O primeiro GP Brasil de forma oficial, marcou a primeira vitória de Emerson Fittipaldi em casa, pilotando a Lotus 72D. Essa sequência só foi interrompida em 2020, devido ao cancelamento em virtude da pandemia de Covid-19. A prova, entretanto, retornou no ano seguinte, adotando o novo nome de GP de São Paulo.
Com um total de 49 GPs, o evento ocupa a nona posição no ranking de corridas mais realizadas na F1, atrás de países como Inglaterra, Itália, Mônaco, Bélgica, Alemanha, França, Espanha e Canadá. Vale lembrar que dois autódromos já sediaram o GP do Brasil: Além de Interlagos (com duas variantes) em São Paulo, Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, também já foi o palco da disputa.