Fórmula 1 na Hungria: A maior ultrapassagem de todos os tempos?

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No próximo domingo (23), teremos mais uma etapa do mundial de Fórmula 1. A maior categoria do automobilismo mundial, desembarca na Hungria. Um país que sem dúvida rende uma bela memória ao torcedor brasileiro, mesmo nos dias atuais não tendo um piloto do Brasil no grid.

E essa lembrança especial se deve pelo que ocorreu no dia 10 de agosto de 1986, completam-se 37 anos de uma corrida memorável que ainda é amplamente discutida por torcedores, pilotos e jornalistas. O Grande Prêmio húngaro foi marcado por uma dobradinha brasileira, com Nelson Piquet em primeiro lugar e Ayrton Senna em segundo. Além disso, durante a prova ocorreu o que muitos consideram a ultrapassagem mais épica da história da categoria.

Independentemente da magnitude da manobra, questionou-se se ela era, de fato, a maior da história. Nelson Piquet a bordo da Williams usando de puro talento e extrema perícia para ultrapassar a Lotus de Ayrton Senna por fora. Nenhum deles ficou com o título mundial naquele ano, no fim das contas acabou ficando com Alain Prost, com a McLaren, mas sem dúvida protagonizaram esse momento que ficou eterno.

O que disse os jornais da época sobre a ultrapassagem?

Relembramos três dos principais jornais diários do país: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. Será que, no calor do momento, na segunda-feira, 11 de agosto de 1986, os jornais descreveram a ultrapassagem de Piquet sobre Senna como a maior de todos os tempos?

A Folha de S. Paulo destacou a conquista da dobradinha brasileira, que já havia ocorrido anteriormente na Alemanha e no Brasil, além de ressaltar o fato de o GP da Hungria ter sido o primeiro realizado em um país do “bloco socialista”. Em uma seção separada do artigo, intitulada “Show dos brasileiros” e creditada à “Reportagem Local”, o jornal referiu-se à manobra de Piquet sobre Senna da seguinte maneira:

“Desde a largada Piquet e Senna fizeram uma disputa à parte, distanciando-se do resto dos competidores e revezando-se na liderança. Os dois agora aumentaram a suas chances de conquistar o título já que Senna está em segundo lugar no campeonato com 48 pontos, um a mais que Piquet, em terceiro. Senna saiu na frente e perdeu a ponta para Piquet na 11° volta, voltando a ocupá-la na 35°, quando este trocou pneus. Piquet voltou quase trinta segundos atrás e depois de duas ultrapassagens empolgantes em que chegou a atravessar seu Williams na pista, conquistou definitivamente a primeira posição.”

O jornal O Globo também enfatizou a dobradinha entre Senna e Piquet. Aquela segunda-feira também marcou o “Dia Seguinte” à conquista do título carioca pelo Flamengo. Mesmo com esse contexto, a publicação reservou uma meia página da capa de seu caderno de esportes com o título “Piquet em primeiro, Senna em segundo: festa brasileira na Fórmula 1”. A matéria contava com a foto do momento em que o piloto da Williams realizou a ultrapassagem, além de ilustrações dos dois tricampeões da categoria.

O jornal O Estado de S. Paulo não foi publicado na segunda-feira após a corrida, deixando toda a repercussão para a terça-feira, 12 de agosto de 1986. Com mais tempo disponível, o jornal publicou o relato da prova através do repórter Wagner Gonzalez, que esteve presente na Hungria. O último parágrafo do artigo foi dedicado à manobra de Piquet.

No bloco a seguir, o então correspondente em Paris, Reali Júnior, abordou a “Guerra declarada” entre os dois pilotos brasileiros. O saudoso jornalista mencionou um “ponto de quase ruptura” e citou as declarações de Piquet após a prova.

“Meu carro era o mais rápido e deveria vencer sem riscos. A próxima vez que ele tentar me ultrapassar num Grande Prêmio vai terminar a corrida no ônibus da Lotus.”

Roberto Godoy, da Agência Estado, também teve a oportunidade de comentar a icônica ultrapassagem, em um texto intitulado “Uma Manobra Impossível”. Nele, o jornalista buscou obter insights ao consultar o engenheiro aeronáutico Ronaldo de Assis, que trabalhou na equipe Lotus por dois anos.

“Até domingo uma saída daquelas, sob derrapagem controlada, alterando o ângulo da curva, em uma trajetória absolutamente irregular, era considerada teoricamente ressonante, ou seja, o carro virtualmente seria disparado para fora da pista como uma flecha lançada por um arco”, relatou Assis.

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