Em 31 de janeiro de 1996, o então presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Max Mosley, revelou que os carros de Fórmula 1 seriam equipados com uma caixa preta semelhante à usada em aeronaves. Essa decisão foi uma resposta direta ao trágico acidente fatal de Ayrton Senna no Grande Prêmio de San Marino de 1994.
Já existia uma espécie de caixa preta nos carros de Fórmula 1, destinada a registrar informações durante treinos e corridas, fornecendo dados cruciais para análise de acidentes. No entanto, no caso do acidente de Senna, surgiram controvérsias relacionadas a essa peça, prejudicando as investigações.
Após o impacto na curva Tamburello, o carro de Senna foi recolhido de volta aos boxes por um caminhão, enquanto as autoridades locais confiscaram a Williams, levando-a para uma garagem. No entanto, um membro da equipe, que na época não foi identificado, insistiu que os dados da caixa preta instalada no carro fossem recuperados.
Charlie Whiting, encarregado de inspecionar os carros de Fórmula 1 na época, autorizou a remoção da peça para permitir que a Williams analisasse os dados e prevenisse qualquer potencial falha semelhante no outro carro da equipe, pilotado por Damon Hill.
Bernard Dufford, especialista em eletrônica da Renault, fornecedora de motores, confirmou essa versão anos mais tarde durante o julgamento do caso na Itália. No entanto, a versão oficial da equipe sempre foi de que os dados foram perdidos no impacto.
FIA decidiu contratar empresa
Com o objetivo de aumentar a credibilidade das investigações de acidentes e reduzir o risco de perda de dados em colisões, a FIA decidiu contratar uma empresa americana para desenvolver um tipo de caixa preta adequada para carros de corrida, capaz de resistir a impactos violentos, como o ocorrido na tragédia envolvendo Ayrton Senna. Além disso, o novo dispositivo seria mais controlável.
– Penso que isso, novamente, faz parte do legado do Senna. Quando ele e Roland Ratzenberger morreram 24 horas após 12 anos sem nenhuma fatalidade num grande prêmio, isso mudou toda a abordagem da segurança na Fórmula 1. Antes, pensávamos que não havia nada de errado com a nossa segurança, mas então tudo mudou e a Fórmula 1 foi retratada como um esporte sangrento – falou Max Mosley.
Devido à falta dos dados da caixa preta da Williams, a investigação conduzida pela Justiça Italiana concluiu que uma quebra na coluna de direção foi a causa do acidente de Senna.
Após um pedido do piloto brasileiro para que o volante fosse rebaixado dentro do cockpit para evitar que suas mãos batessem no habitáculo, uma solda na coluna de direção foi realizada. Entretanto, ficou constatado que ocorreu fadiga de material.
Os fundadores da equipe, Frank Williams e Patrick Head, juntamente com o projetista Adrian Newey, foram indiciados, mas nenhum deles foi preso após o encerramento do julgamento em 1997. Até o presente momento, apesar de profundamente abalado pela tragédia, Newey não reconhece a quebra da coluna de direção como a causa do acidente.