Ayrton Senna viveu enorme frustração que poucos lembram no GP do Brasil

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Há 40 anos, uma das mais brilhantes carreiras na Fórmula 1 começava a se desenhar. Em 25 de março de 1984, Ayrton Senna fez sua estreia na principal categoria do automobilismo no GP do Brasil, realizado no circuito de Jacarepaguá.

Embora sua trajetória subsequente tenha sido marcada por inúmeras conquistas, reconhecimento no mundo do automobilismo a ponto de ser visto por muitos como o maior piloto de todos os tempos, aquela corrida no Rio de Janeiro foi bastante esquecível.

Senna assegurou seu lugar no grid da F1 após conquistar o título da F3 britânica e vencer o GP de Macau em 1983. Destacando-se desde cedo no kart, ele também havia conquistado os títulos da Fórmula Ford 1600 e 2000 nos dois anos anteriores.

O brasileiro chegou a realizar testes com grandes equipes como Williams e McLaren, mas, no final das contas, foi a Toleman quem lhe ofereceu a primeira oportunidade na principal categoria do automobilismo mundial.

Toleman não fez um grande campeonato no ano anterior

Ayrton Senna fez sua estreia na equipe britânica ao lado do venezuelano Johnny Cecotto, que estava em seu segundo ano na categoria (e que acabaria sendo o último). Na temporada anterior, a Toleman havia terminado em nono lugar no Campeonato Mundial de Construtores, com dois quartos lugares como seus melhores resultados, ambos conquistados pelo britânico Derek Warwick. Foram exatamente essas performances que renderam a Warwick uma vaga na Renault, abrindo caminho para a estreia de Senna.

Na sua primeira corrida com o carro da temporada anterior da Toleman e com os pneus Pirelli, que apresentavam um desempenho inferior aos da Goodyear e Michelin, Ayrton Senna enfrentou dificuldades evidentes desde a classificação. Ele se qualificou apenas em 17º lugar, com Johnny Cecotto logo atrás.

Diante das limitações do carro, ficou claro que seria uma tarefa árdua competir com o resto do grid. Infelizmente, o início da temporada de 1984 da Fórmula 1 trouxe o primeiro abandono de Senna. Embora tenha conseguido ganhar algumas posições na primeira volta, logo começou a perder terreno. Com problemas no turbo do motor Hart, o piloto paulista foi forçado a parar nos boxes após apenas 8 voltas completadas. Seu companheiro de equipe, Cecotto, também não teve um destino diferente, abandonando a corrida dez voltas depois.

Futuro rival de Senna foi o vencedor

A vitória foi conquistada curiosamente por aquele que se tornaria o maior rival de Ayrton Senna nos anos seguintes: Alain Prost. O piloto francês da McLaren largou em quarto lugar e venceu o GP do Brasil em uma verdadeira prova de resistência.

Apenas nove dos 27 carros que largaram em Jacarepaguá conseguiram cruzar a linha de chegada. Entre os principais abandonos, destaca-se Michele Alboreto, que assumiu a liderança no início da corrida, mas teve que parar devido a problemas nos freios.

Niki Lauda, que herdou a liderança também não conseguiu completar a corrida devido a uma pane elétrica, e Derek Warwick, que estava disputando a vitória em sua estreia pela Renault, mas teve que abandonar com apenas dez voltas restantes.

Dessa forma, Prost cruzou a linha de chegada com uma vantagem de mais de 40 segundos sobre a Williams de Keke Rosberg. Elio de Angelis completou o pódio com sua Lotus, com apenas os três primeiros colocados na mesma volta do líder.

Eddie Cheever, Patrick Tambay, que parou na última volta por falta de combustível, mas ainda assim pontuou, e Thierry Boutsen completaram os seis primeiros. Martin Brundle, que terminou em quinto com a Tyrrell, foi posteriormente desclassificado da temporada por violação das regras técnicas.

Senna começaria a fazer história na Fórmula 1

Embora a primeira corrida não tenha sido um cartão de visitas impressionante para Senna, o piloto brasileiro começou a demonstrar seu talento nas corridas seguintes, alcançando dois sextos lugares na África do Sul e na Bélgica, conquistando assim seus primeiros pontos na F1.

No entanto, o destaque de Ayrton naquela temporada veio na sexta rodada, em Mônaco. Em uma corrida sob forte chuva, o piloto que mais tarde seria aclamado como o “Rei de Mônaco” mostrou sua habilidade excepcional. Ele só não venceu a corrida porque os organizadores tomaram a polêmica decisão de encerrar a prova quando ele estava se aproximando de Prost.

Senna ainda conquistaria mais dois pódios em sua temporada de estreia na Fórmula 1: dois terceiros lugares no GP da Inglaterra, em Brands Hatch, e no GP de Portugal, em Estoril. Antes mesmo do fim da temporada, o brasileiro já havia demonstrado talento suficiente para garantir um lugar em uma equipe de ponta, a Lotus.

Ele passou três temporadas lá, conquistando seis vitórias e 21 pódios antes de se transferir para a McLaren em 1988. A primeira corrida de Ayrton na Fórmula 1 pode não ter sido marcante, mas sua carreira, que começou ali em Jacarepaguá em 1984, será eternamente lembrada.

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