Ao longo dos anos é cada vez maior o número dos adeptos dos games. Hoje o que era diversão já virou algo profissional e com a Fórmula 1 isso não é diferente com a constante evolução dos simuladores da categoria e é sobre isso que vamos falar aqui, na evolução dos games da principal categoria do automobilismo mundial.
Os primórdios dos jogos
A presença inicial da Fórmula 1 nos jogos de arcade remonta à década de 1970. Uma das pioneiras nesse campo foi a desenvolvedora de jogos japonesa Namco, que obteve um dos primeiros sucessos com o lançamento de F-1 em 1976.
A Namco continuou sua trajetória na produção de jogos de Fórmula 1, lançando o icônico Pole Position seis anos depois, que se tornou um dos arcades mais famosos do mundo. O jogo inovador apresentava elementos como sessões de classificação com voltas rápidas e corridas contra o computador, colocando-o à frente de seu tempo. Em 2015, o site IGN reconheceu o Pole Position como o jogo de corrida mais importante de todos os tempos.
Conforme os videogames evoluíam e os consoles pessoais ganhavam popularidade, a Fórmula 1 fez a transição para longe dos arcades. Super Mônaco GP (1989) foi um sucesso no Sega Megadrive e contou com a participação de Ayrton Senna no desenvolvimento de sua sequência, lançada em 1992. Ao mesmo tempo, jogos como Grand Prix (1992) começaram a introduzir elementos mais próximos de simuladores.
Os jogos começam a ganhar popularidade entre os fãs
O primeiro grande sucesso da Fórmula 1 no gênero de simuladores foi Grand Prix 2, desenvolvido por Geoff Crammond para PC. Baseado na temporada de 1994, o jogo apresentava uma grade completa de equipes e pilotos, modo campeonato e fins de semana de Grand Prix completos. Os jogadores tinham a liberdade de ajustar seus carros, que também simulavam falhas técnicas. O jogo teve sequências como Grand Prix 3 (2000) e Grand Prix 4 (2002), sendo este último mantendo sua popularidade ao longo da década, graças a uma comunidade dedicada de fãs.
Com o retorno aos consoles pessoais, o enorme sucesso do primeiro PlayStation da Sony levou ao jogo Fórmula 1 (1996) se tornar um dos mais vendidos no Reino Unido. O jogo apresentava um modo de temporada completa, incluindo comentários do lendário Murray Walker, e ainda tinha uma surpresa: uma pista de corrida em formato de carro de Fórmula 1, que podia ser desbloqueada.
Fórmula 1 97 (1997) também foi um grande sucesso, mesmo enfrentando dificuldades de direitos autorais que resultaram na inclusão do piloto Jacques Villeneuve como “Williams Numberone”. No entanto, uma mudança no desenvolvedor levou às versões de 1998 e 1999 a terem menos sucesso, encerrando uma era de ouro da Fórmula 1 no PlayStation 1.
Novos rumos nos jogos
A licença da Fórmula 1 foi dividida entre a Electronic Arts (EA), que continuou a produzir uma versão anual como parte de seu bem-sucedido catálogo de jogos esportivos, e a Sony, que deteve a licença entre 2000 e 2003, abrangendo o lançamento do PlayStation 2. A EA também lançou alguns jogos únicos, como o F1 Manager para PC, que se tornou outro favorito entre os jogadores, permitindo que eles assumissem o papel de um chefe de equipe.
A partir de 2003, a Sony tornou-se a única detentora dos jogos de Fórmula 1, limitando-os à sua família de consoles PlayStation. Houve avanços significativos nos gráficos e na jogabilidade, com cada jogo incluindo um modo de carreira completo. Além disso, houve um crescente interesse em jogos multiplayer online, o que foi evidenciado no primeiro jogo de Fórmula 1 desenvolvido para o PlayStation 3, o F1 Championship Edition (2007). No entanto, com o término dos direitos da Sony, a Codemasters assumiu o papel de produtora, abrindo novamente as portas para jogos multiplataforma.
A “era Codemasters”
A primeira produção da Codemasters no mundo da Fórmula 1 foi o F1 2009, lançado para o Nintendo Wii após uma seca de três temporadas sem um jogo oficial. Embora tenha sido lançado no final da temporada, teve dificuldades em ganhar popularidade e recebeu críticas mistas, principalmente devido aos gráficos limitados.
No entanto, a Codemasters deu um grande passo à frente com o lançamento do F1 2010, o primeiro jogo da franquia a ser lançado tanto para o PS3 quanto para o concorrente Xbox 360. Ano após ano, a empresa de Birmingham continuou a avançar, introduzindo recursos como os carros de segurança (Safety Cars) e aprofundando o modo de carreira, permitindo que os fãs pudessem emular seus heróis nas pistas.
Embora tenha havido um jogo no estilo Mario Kart chamado F1 Race Stars lançado em 2012, ele foi uma produção única no catálogo de jogos de corrida da Codemasters. O primeiro jogo da série para a oitava geração de consoles (PlayStation 4 e Xbox One) foi o F1 2015. No entanto, foi com o lançamento do F1 2017 que ocorreu um marco importante: a criação de um campeonato oficial de eSports.
O jogo deixa de ser “apenas” diversão
Contando com um forte apoio da Fórmula 1 como parte dos esforços da Liberty Media para atrair fãs mais jovens, a Fórmula 1 eSports Series buscava encontrar os jogadores mais rápidos do mundo em 2017. Após uma série de qualificações online e semifinais ao vivo em Londres, os 20 melhores pilotos foram convidados para a grande final realizada no GP de Abu Dhabi, onde o britânico Brendon Leigh conquistou o título.
Esse evento marcou o início de uma emocionante jornada para os jogadores profissionais de Fórmula 1, que agora têm a oportunidade de competir em um cenário oficial e serem reconhecidos como verdadeiros campeões virtuais. O sucesso da primeira temporada abriu caminho para um crescimento significativo em 2018, quando nove das dez equipes da Fórmula 1 formaram suas próprias equipes de eSports, permitindo que elas competissem em um campeonato virtual.
Os pilotos disputavam um prêmio total de 200 mil dólares. Como piloto da equipe Mercedes, Brendon Leigh conquistou o bicampeonato e foi incorporado às instalações da equipe em Brackley para aprimorar suas habilidades. Em 2019, a Ferrari entrou no campeonato de eSports, e os prêmios subiram para 500 mil dólares. A equipe italiana venceu o campeonato em seu primeiro ano com David Tonizza, que encerrou o reinado de Leigh. Antes que os detalhes da temporada de 2020 pudessem ser definidos, um marco ainda maior impactou os jogos de Fórmula 1.
A pandemia fez os simuladores ganharem outra importância
Com a pandemia do Covid-19 causando atrasos no início da nova temporada real, o eSports ganhou ainda mais destaque, mantendo os fãs entretidos e oferecendo uma saída para que tanto os fãs quanto os pilotos pudessem matar a saudade das corridas. Os eventos de eSports se tornaram uma maneira emocionante e envolvente de manter o espírito da Fórmula 1 vivo durante tempos desafiadores.
Horas após o cancelamento das corridas reais, os eventos de eSports começaram a surgir como uma alternativa emocionante. Uma série regular chamada #NãoÉoGP, coproduzida pela Veloce Esports e Motorsport Games, foi lançada, contando com a participação de pilotos da vida real, como Lando Norris, Nicholas Latifi e Stoffel Vandoorne, além de celebridades como o piloto do Real Madrid, Thibaut Courtois, e o golfista profissional Ian Poulter.
Além disso, a Fórmula 1 criou a série de GPs Virtuais, com pilotos renomados como Charles Leclerc, George Russell, Alexander Albon e Antonio Giovinazzi integrando o grid. Esse alto nível de envolvimento dos pilotos ajudou a aumentar ainda mais o interesse nos eventos de eSports.
Os jogos de Fórmula 1 tiveram um percurso interessante ao longo dos últimos 40 anos, mas nunca foram tão populares e relevantes como são hoje. Essa crescente popularidade é um testemunho do poder dos eSports em proporcionar emoção e diversão para os fãs, especialmente em tempos desafiadores.