Toyota Racing: Surgimento, temporadas disputadas e números na Fórmula 1

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A Toyota Racing foi uma equipe de automobilismo que participou do campeonato de Fórmula 1 de 2002 a 2009. Apesar de ter origem japonesa, tinha sede em Colônia, na Alemanha. De forma inesperada, a equipe se retirou abruptamente da categoria em 4 de novembro de 2009.

Atualmente, a equipe está participando da competição do FIA Campeonato Mundial de Resistência desde 2012, onde utiliza o Toyota TS030 Hybrid. Essa é conhecida por suas corridas de longa duração, e a Toyota Racing tem demonstrado um bom desempenho com seu carro híbrido.

Durante as temporadas que esteve na categoria mais veloz do automobilismo, não conseguiu nenhuma vitória, embora seus carros tenham largado três vezes no primeiro lugar. O fechamento do time aconteceu devido a enorme crise financeira mundial que começou em 2008 e impactou os negócios dos nipônicos.

Quando a Toyota Racing competiu na Fórmula 1?

Em 21 de janeiro de 1999, a Toyota anunciou oficialmente sua entrada na Fórmula 1, após anos de participação em corridas de protótipos. No ano seguinte, foi confirmado que a montadora japonesa seria a 12ª equipe a competir no campeonato mundial de 2002. Durante o ano de 2001, realizaram testes e desenvolvimento do carro TF102, sendo que o TF101 foi o primeiro carro de F1 produzido pela equipe.

No final de 2001, a Toyota anunciou a dupla de pilotos para sua primeira temporada na F1. O finlandês Mika Salo, que já tinha experiência em equipes como Lotus, Tyrrell, Arrows e Sauber, foi escolhido. O britânico Allan McNish, que havia atuado como piloto de testes da McLaren e da Benetton no final dos anos 80 e início dos anos 90, também foi selecionado para integrar o time.

Com essa formação, a Toyota iniciou sua jornada na Fórmula 1 com a expectativa de obter bons resultados. Dois brasileiros passaram por lá nos anos seguintes, Cristiano da Matta foi o primeiro, logo em 2003, com Ricardo Zonta como piloto de testes, sendo que depois também assumiu o assento principal.

Como foi a passagem da Toyota pela Fórmula 1?

Estreia em 2002 e primeiros anos da Toyota na F1

Em 2002, o Toyota F1 fez sua estreia no cenário da Fórmula 1, sendo a 11ª equipe a participar do campeonato mundial, devido à saída da Prost na final de 2001. No entanto, a temporada foi marcada pelo desempenho fraco, conquistando apenas dois pontos em 17 corridas. Os dois sextos lugares de Mika Salo (Austrália e Brasil) foram os melhores resultados. Na final, terminou o campeonato em 11º lugar, empatada com a falida Arrows e a fraca Minardi.

No início de 2003, houve mudanças na dupla de pilotos, com a contratação do experiente francês Olivier Panis (ex-Ligier, Prost, McLaren – como piloto de testes – e BAR) e do brasileiro Cristiano da Matta, campeão da antiga CART em 2002. Com essas novidades, além de um novo regulamento e um grande investimento da montadora, a equipe melhorou um pouco, mas ainda decepcionou. Terminou na oitava posição, com 16 pontos, ficando à frente das decadentes Jordan e Minardi.

Em 2003, a equipe foi acusada de espionagem industrial em relação à Ferrari. Houve especulações de que o carro da Toyota, o TF103, era muito parecido com o Ferrari F2003-GA.

Para 2004, foi mantida a dupla de pilotos, e a contratação do projetista Mike Gascoyne, que havia trabalhado na Jordan e desenhado os carros da Renault de 2003 e 2004. No entanto, mais um ano de atuações fracas se seguiram, e a equipe passou por momentos inesperados, como a demissão de Cristiano da Matta no 12º GP (Alemanha) e a aposentadoria de Olivier Panis antes da última corrida, no Japão. Ricardo Zonta, compatriota de Da Matta e ex-piloto da BAR e Jordan, foi contratado para o substituir, enquanto Jarno Trulli foi escolhido para substituir Panis. O ano terminou com a Toyota repetindo a oitava colocação de 2003, desta vez conquistando oito pontos.

Salto da equipe entre 2005, 2006 e 2007

Para a temporada de 2005, a Toyota trouxe uma nova dupla de pilotos, composta por Jarno Trulli, que veio da Renault na final de 2004, e Ralf Schumacher, vindo da Williams. Com essa nova formação, começou a mostrar um bom desempenho, com Trulli conquistando o primeiro pódio da equipe, com um impressionante segundo lugar no GP da Malásia. Em seguida, Trulli obteve outro segundo lugar no Bahrein e um terceiro lugar na Espanha, tudo isso nas primeiras cinco corridas.

A equipe também alcançou sua primeira pole position nos Estados Unidos. Ralf Schumacher teve resultados regulares, terminando entre o quarto e quinto lugar nas primeiras corridas, mas sofreu um acidente no GP dos Estados Unidos que o tirou da corrida. Esse acidente levou a Michelin a considerar inseguro competir no circuito, devido ao desgaste rápido dos pneus na curva 13. Como resultado, apenas seis carros com pneus Bridgestone competiram na corrida, desencadeando a “crise dos pneus”. Esse incidente apagou a primeira pole position da Toyota, quando Trulli largaria em primeiro.

Após o GP dos Estados Unidos, Ralf progrediu e conquistou a segunda pole position da equipe no Japão, além de mais dois pódios, com dois terceiros lugares na Hungria e na China. Após esse avanço significativo, terminou em quarto lugar no campeonato de construtores, com 88 pontos, chegando a superar a então campeã Ferrari em alguns momentos do campeonato.

A Toyota manteve sua dupla de pilotos para 2006, mas mudou de fornecedor de pneus, passando a usar Bridgestone. O Toyota TF106 mostrou-se competitivo, embora menos consistente que o seu antecessor, o TF105. O destaque da temporada foi o terceiro lugar conquistado por Ralf no GP da Austrália. A primeira metade da temporada foi difícil para Trulli, que só conseguiu marcar pontos no nono GP do ano, no Canadá. Ao final da temporada, acabou em sexto lugar no campeonato de construtores, com 35 pontos conquistados.

Após dois anos de resultados promissores, a equipe decidiu manter a dupla Ralf-Trulli para 2007. No entanto, com a BMW Sauber demonstrando um desempenho melhor, a Toyota perdeu um pouco de sua força e passou a lutar por posições mais baixas, geralmente em sétimo e oitavo lugares. Além de competir como equipe, a Toyota também começou a fornecer motores para a Williams, depois de fornecer motores para a Jordan em 2005 e para a Midland em 2006. A temporada foi decepcionante em termos de pontuação, com apenas 13 pontos conquistados.

Últimos anos e saída da categoria

Após a temporada de 2007, com a saída de Ralf Schumacher, a Toyota contratou o campeão da GP2 Series em 2007, o alemão Timo Glock, e manteve Jarno Trulli como piloto. No GP da Austrália, ambos os pilotos abandonaram, com Trulli enfrentando problemas elétricos e Glock sofrendo um acidente. Apesar desse resultado, o carro mostrou-se veloz, e nos três GPs seguintes, Trulli marcou nove pontos, com destaque para o quarto lugar conquistado no GP da Malásia.

No entanto, nos dois GPs seguintes, teve problemas, e nenhum de seus carros conseguiu terminar acima do décimo lugar. Após as decepções na Turquia e em Mônaco, a equipe voltou a pontuar no Canadá, com ambos os pilotos marcando pontos, algo que não segurou desde o Japão em 2006. Glock terminou em quarto lugar e Trulli em sexto. Na França, Trulli surpreendeu e chegou ao terceiro lugar, conquistando o primeiro pódio da equipe na temporada e quebrando um jejum de dois anos sem pódios.

Na Inglaterra, Trulli terminou em sétimo lugar, adicionando mais dois pontos. Na Alemanha, nenhum dos dois pilotos pontuou, com Trulli terminando em nono e Glock não completando a prova. O melhor resultado foi obtido no GP da Hungria, onde Glock conquistou um excelente segundo lugar. A equipe encerrou o ano em quinto lugar no Campeonato de Construtores, somando 56 pontos.

Em 2009, manteve Glock e Trulli, conquistando um total de cinco pódios ao final da temporada. A Toyota terminou novamente em quinto lugar no Campeonato de Construtores, agora somando 59,5 pontos. Durante o ano, o time revelou o talento do japonês Kamui Kobayashi, que se destacou em Interlagos e Abu Dhabi, inclusive realizando uma manobra ousada sobre Jenson Button (que se sagraria campeão) no “S” do Senna, em Interlagos.

Em 2009 a equipe teve uma pole, com Trulli largando em primeiro no Barém e fazendo a volta mais rápida, mas acabou somente em terceiro. Foi o último ano da equipe, que naquela época era considerada intermediária e lutava por pódios.

Números da Toyota Racing na Fórmula 1

  • Estreia no GP da Austrália de 2002;
  • Despedida no GP de Abu Dhabi de 2009;
  • 13 pódios;
  • 3 pole positions;
  • 0 vitórias;
  • 3 voltas mais rápidas;
  • Melhor resultado entre construtores: 4º lugar em 2005;
  • Melhor resultado entre pilotos: 6º lugar com Ralf Schumacher em 2005.

Por que a Toyota abandonou a Fórmula 1 em 2009?

O anúncio do encerramento das operações da Toyota Racing na Fórmula 1 foi uma consequência direta da grave crise financeira que abalou o mundo em 2008. No entanto, também pode ser interpretado como o epitáfio de um projeto que se sabotou sempre que possível. Apesar de investir milhões, a equipe japonesa nunca teve fundamentos básicos, como uma administração sólida ou decisões coerentes em relação aos pilotos.

Depois de enfrentar diversas dificuldades, a saída da Toyota da Fórmula 1 foi confirmada em 4 de novembro de 2009. A categoria, que já havia perdido a Honda no final de 2008 e sabia que a BMW também sairia desde metade de 2009, via uma nova montadora decidir que a Fórmula 1 não era mais um bom negócio. Assim como outros dois fabricantes, o motivo estava claro: a necessidade de economizar após a crise econômica mundial.

A saída da Toyota foi sentida. No final das contas, a categoria perdia um nome estabelecido. Embora a equipe japonesa não fosse brilhante, representava um peso significativo e também fornecia motores. No entanto, uma pergunta que mais ecoava no público era: afinal, qual foi o legado deixado pela escuderia em seus oito anos de existência?

Foram necessários três anos para alcançar um pódio. Isso aconteceu em 2005, quando cinco champanhes foram abertos. Porém, de 2006 a 2008, apenas três pódios revelaram a estagnação do projeto.

Curiosamente, 2009 acabou sendo um ano promissor. A mudança nos regulamentos favoreceu os japoneses, que chegaram a sonhar com vitórias em mais de uma ocasião. No entanto, era tarde demais. Depois de repetir o quinto lugar no Campeonato de Construtores, o melhor resultado da história da equipe, veio a decisão de encerrar as atividades na F1.

No entanto, os japoneses ainda precisavam decidir o que fazer com a estrutura construída para a Fórmula 1. A fábrica em Colônia, na Alemanha, era exemplar e poderia ser bem aproveitada por outras equipes. Então, os japoneses optaram por não vender a ninguém. Portanto, não há uma equipe que possa ser considerada herdeira direta da Toyota.

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