Felipe Massa decidiu ir atrás do título mundial de 2008. Uma temporada com muita controvérsia, que ganhou contornos inesperados graças ao GP de Singapura disputado naquele ano. Uma das figuras centrais da questão é Flavio Briatore, ex-chefe da equipe Renault. Aliás, vamos relembrar aqui quando a equipe francesa de fato admitiu a fraude cometida.
Cinco dias antes de sua audiência no Conselho Mundial do Automobilismo, a equipe Renault F1, que enfrentava a ameaça de exclusão do Campeonato Mundial de Fórmula 1, anunciava a saída de seu diretor, Flavio Briatore, mais precisamente em setembro de 2009. Além disso, o time francês informou que não iria contestar as acusações de fraude relacionadas ao acidente de Nelsinho Piquet no Grande Prêmio de Singapura de 2008.
Em um comunicado, a escuderia francesa informou naquela época: “A Renault F1 anuncia que seu diretor-geral, Flavio Briatore, e seu diretor executivo, Pat Symonds, deixaram a equipe.”
O comunicado naquele momento não esclareceu se Briatore, uma figura proeminente nos bastidores da Fórmula 1 desde 1989, foi demitido ou se decidiu sair por conta própria. Briatore, que atuava como diretor-geral da Renault F1 desde 2002, acabou perdendo a batalha contra a família Piquet.
Revelação feita por Piquet
O tricampeão mundial Nelson Piquet revelou a fraude em 26 de julho de 2009, durante o GP da Hungria, poucos dias antes do afastamento de seu filho pela Renault. Briatore e Symonds foram acusados de orientar Nelsinho a causar deliberadamente um acidente no GP de Singapura para beneficiar Fernando Alonso, seu companheiro de equipe, que acabou vencendo a corrida.
Nelsinho Piquet relatou à FIA que, na presença de Briatore, Symonds lhe pediu para provocar o acidente de forma a fazer entrar o safety car. Segundo ele, Symonds usou um mapa para indicar o local exato do acidente, escolhendo uma curva sem guindaste próximo para garantir que o carro não fosse retirado rapidamente, forçando a entrada do safety car.
Na corrida, Alonso, que largou da 15ª posição, fez o primeiro abastecimento minutos antes do acidente de Nelsinho. Com a maioria dos pilotos aproveitando a entrada do safety car para ir aos boxes, Alonso subiu posições até assumir a liderança e conquistar sua primeira vitória da temporada pela Renault.
Em um depoimento à FIA, Nelsinho, que foi demitido da Renault no início de agosto, afirmou que Briatore e Symonds lhe pediram para causar intencionalmente um acidente para melhorar o desempenho da equipe.
Em 11 de setembro, Max Mosley, presidente da FIA, ressaltou que Nelsinho obteve imunidade por sua colaboração: “Dissemos a ele que, se colaborasse, não seria perseguido individualmente.”
Pressionada, a Renault decidiu afastar seus dois principais dirigentes e admitir a fraude. A equipe declarou: “A Renault não contestará as alegações recentes da FIA sobre o GP de Singapura de 2008.”
Agora, Briatore contrariando as expectativas volta ao mundo da Fórmula 1 como consultor da equipe Alpine. Já Felipe Massa, segue movendo um processo para ter além do título de campeão de 2008 reconhecido, uma indenização, em um processo movido contra a FIA, F1 e contra o ex-chefe da categoria Bernie Ecclestone. A história segue sem um ponto final, de uma temporada que insiste em não acabar.