Essa é uma história triste de um sonho brasileiro na F1 e aconteceu na temporada de 1979. Imagine se hoje em dia a Williams ou a Haas contratasse o braço direito de Adrian Newey para projetar um novo carro. O dono da equipe chega e diz: queremos um carro igual ao da Red Bull. E o projetista responde: que tal um carro ainda melhor?
Foi exatamente isso que aconteceu com a equipe Copersucar Fittipaldi. Em 1977, eles trouxeram Ralph Bellamy, um dos responsáveis pelo lendário modelo 78 da Lotus e pioneiro no uso do efeito solo. A intenção inicial era criar um carro no estilo Lotus, mas Bellamy teve uma ideia audaciosa e propôs um passo adiante. A equipe decidiu aproveitar o F5 daquele ano e modificá-lo, resultando no F5A. O próximo carro seria o projeto de Bellamy.
O projetista veio de mala e cuia para o Brasil e trabalhou durante todo o ano de 1978 no túnel de vento do CTA, com o apoio da EMBRAER. Em janeiro de 1979, o carro foi apresentado em Interlagos, e batendo o olho o projeto já chamou atenção. O carro tinha linhas retas, bico fino e laterais curtas. Sem a menor modéstia, Bellamy declarou: “eu fiz um carro para Emerson ser campeão”.
A decepção da Copersucar quando o carro foi para a pista
No entanto, o choque de realidade veio logo no primeiro teste. Emerson deu apenas algumas voltas e não se sentiu confortável. Bellamy foi confrontado e afirmou que o piloto brasileiro não estava acostumado com carros de efeito solo. Levaram o carro para testes na fábrica e descobriram que o chassi tinha pouca rigidez torcional.
Um impasse surgiu, e a equipe decidiu utilizar o F5A enquanto trabalhava no acerto do F6. Na estreia na África do Sul, Emerson enfrentou diversos problemas e terminou em 13º lugar, com inimagináveis quatro voltas atrás do vencedor. Ficou claro que aquele carro não seria viável. Bellamy foi demitido e o Studio Fly, que havia realizado modificações no F5, foi chamado.
O resultado foi que a Fittipaldi teve que se contentar em usar o F5A sem desenvolvimentos, enquanto o F6 reapareceu na Alemanha com o nome de F6A, tendo ganhado 45 kg de peso devido aos reforços no chassi. No entanto, isso não adiantou. Muitos afirmam que esse foi o grande erro dos irmãos Fittipaldi e marcou o início da derrocada do projeto do carro de Fórmula 1 brasileiro.