Em 1975, Mario Andretti já era uma estrela. Ele havia conquistado quatro campeonatos americanos de monopostos, vencido a Indy 500 e alcançado uma vitória no Grand Prix com a icônica Scuderia Ferrari. No entanto, foi apenas em 1975 que ele decidiu se dedicar integralmente à Fórmula 1, e essa decisão foi, em grande parte, influenciada por um homem chamado Parnelli Jones.
Apesar de todo o sucesso de Mario Andretti nos monopostos americanos, ele hesitava em se comprometer com a Fórmula 1 em tempo integral no início e meio da década de 1970, e ele tinha uma boa razão para isso.
“Um dos principais motivos foi a questão financeira,” disse Andretti em um episódio do podcast de automobilismo Deadly Passions, Terrible Joys. “Naquela época, [a F1] não se comparava ao que podíamos conquistar na América.”
Na década de 1970, os prêmios em dinheiro na F1 eram amplamente determinados pela pista individual, e as bolsas não eram grandes. De fato, uma das razões pelas quais Watkins Glen se tornou um local tão querido na Fórmula 1 foi que a pista costumava oferecer os maiores prêmios financeiros do ano.
Além de sua carreira nas corridas, Mario Andretti estava começando a formar uma família e queria garantir que sua esposa e filhos pequenos pudessem ter uma vida confortável, mesmo na sua ausência.
“Eu precisava pensar na minha família,” ele explicou sobre suas preocupações financeiras. “Mesmo nos anos em que me dediquei às corridas, perdi meus amigos mais próximos.
“Minha esposa nunca me fez sentir culpado por fazer algo que poderia deixá-la com as crianças pequenas; era apenas uma situação desafiadora, pois vimos o que aconteceu com alguns de nossos amigos.”
Para ilustrar a gravidade da situação, Andretti recusou oportunidades de ingressar na Lotus e na Ferrari na Fórmula 1. Embora assinar com essas equipes quando jovem poderia ter preparado muito bem sua carreira futura, ele não queria arriscar algo que pudesse, eventualmente, prejudicar sua família.
Quem era Parnelli Jones?
Jones, um ex-piloto que fundou sua própria equipe, a Vel’s Parnelli Jones Racing, conquistou vitórias na Indy 500 em 1970 e 1971 e ganhou o USAC National Championships em 1970, 1971 e 1972.
Em 1974, a equipe de Parnelli Jones estava considerando Mario Andretti, e foi Andretti quem sugeriu: “Precisamos ir para a Fórmula 1.”
A equipe participou de duas corridas de F1 no final de 1974 como um teste antes de se comprometer com a série em tempo integral em 1975, com seu próprio chassi, o VPJ4.
Infelizmente, a operação não foi bem-sucedida. No final de 1974, a Firestone encerrou sua parceria com a equipe, deixando a Parnelli Jones Racing com um orçamento reduzido. A equipe obteve seu melhor resultado, um quarto lugar no Grande Prêmio da Suécia de 1975, e sem um patrocinador principal, encerrou suas atividades na F1 após apenas três corridas em 1976.
“Fiquei arrasado,” Andretti lembrou sobre a decisão da equipe de encerrar seu programa na Fórmula 1. “Eles nunca me consultaram. Não foi muito bem feito.”
No entanto, a amizade entre Andretti e Jones foi eventualmente restaurada. Em 1976, Andretti se juntou à equipe Lotus de Colin Chapman, ajudando a revitalizar uma equipe que estava enfrentando dificuldades.
Enquanto isso, Jones colaborava com a Cosworth no desenvolvimento de uma versão turboalimentada do motor DFV V8 da Fórmula 1. Esse projeto evoluiu para o Cosworth DFX, um motor que venceu todas as Indy 500 entre 1978 e 1987.