No dia 13 de fevereiro de 1997, um acontecimento marcou a história da Fórmula 1: a compra da antiga equipe Ligier pelo renomado tetracampeão mundial, Alain Prost. O piloto francês, conhecido por sua habilidade nas pistas, não perdeu tempo em rebatizar a equipe imediatamente. Em questão de um mês, já estava ativamente assumindo suas novas responsabilidades como líder da equipe.
Os primeiros passos da equipe Prost foram promissores, mas uma série de desafios técnicos e de gestão – rumores insinuam que o temperamento do ex-piloto desempenhou um papel significativo – resultaram em um colapso histórico da equipe após apenas cinco temporadas.
1997 – O primeiro ano
Equipado com os pneus Bridgestone, que estavam fazendo sua estreia na na categoria, aliado com o motor Mugen-Honda, o carro da equipe Prost animou no início da temporada de 1997. Olivier Panis conquistou dois pódios e acumulou quatro pontuações nas seis corridas iniciais.
Na corrida na Espanha, o piloto francês chegou extremamente próximo de conquistar sua segunda vitória na categoria, mas acabou assegurando um celebrado segundo lugar. Uma vez que Shinji Nakano não estava conseguindo alcançar resultados favoráveis e sua permanência na equipe se dava por imposição da Honda, todas as esperanças estavam inteiramente depositadas em Panis.
No entanto, uma reviravolta ocorreu quando Panis sofreu uma fratura na perna em um acidente no Canadá, o que o impediu de competir em oito corridas consecutivas. Diante dessa situação, Jarno Trulli foi convocado da Minardi para ocupar o posto, chegando até a liderar uma parte da prova na Áustria, mas infelizmente teve problema de motor. Apesar dos contratempos, a sexta colocação no Campeonato de Construtores em sua temporada de estreia era uma conquista notável.
1998 – As coisas começaram a mudar
Para a temporada de 1998, a equipe Prost adotou uma nova abordagem ao estabelecer uma parceria de fornecimento de motores com a Peugeot, que havia obtido ótimos resultados no ano anterior com a equipe Jordan. No entanto, tanto o desempenho do carro quanto o desempenho do motor deixaram a desejar.
Desde de a pré-temporada, problemas recorrentes com o câmbio trouxeram obstáculos, e a equipe enfrentou dificuldades para iniciar a competição devido à incapacidade do carro de passar nos rigorosos testes de impacto. Ao final do ano, o time conseguiu somar apenas um ponto, conquistado através de um solitário sexto lugar obtido por Jarno Trulli no chuvoso Grande Prêmio da Bélgica. Por outro lado, Olivier Panis concluiu a temporada sem adicionar pontos ao placar da equipe.
1999 – A situação segue preocupante
Ainda mantendo Jarno Trulli e Olivier Panis como sua dupla de pilotos, a Prost experimentou uma leve melhoria em 1999, mas nada digno de uma grande comemoração. A equipe conquistou pontos em quatro corridas, com dois sextos lugares alcançados por Panis e um pelo piloto italiano.
Além disso, surpreendentemente, Jarno Trulli garantiu um lugar no pódio durante o caótico e chuvoso Grande Prêmio da Europa, em Nürburgring. O segundo lugar obtido pelo piloto italiano, representou o derradeiro pódio da Prost na Fórmula 1, igualando o melhor desempenho da equipe, que havia sido conquistado por Panis com um segundo lugar na Espanha no ano de estreia do time.
2000 – A coisa piorou
A formação de pilotos foi modificada, com a entrada do experiente Jean Alesi, que já havia sido companheiro de Prost na Ferrari, em 1991, juntamente com o jovem Nick Heidfeld, que conquistou o título da Fórmula 3000 (hoje F2) no ano anterior. No entanto, o desempenho do carro ficou mais uma vez aquém do esperado, e o motor Peugeot deixou de exibir um progresso satisfatório, o que provocou grande insatisfação por parte de Prost.
No meio desse caos, a desorganização se infiltrou na equipe, levando à desclassificação de ambos os carros no GP da Europa devido a um peso inferior em dois quilos ao mínimo exigido. Na Áustria, Alesi e Heidfeld abandonaram a corrida após um choque. Resultando em uma situação inédita, a equipe terminou a temporada sem somar nenhum ponto no campeonato.
2001 – O fim do sonho
Em uma clara queda, a Prost perdeu o valioso patrocínio da fabricante de cigarros Gauloises, o qual havia sido uma fonte significativa de apoio. Para compensar, a equipe conseguiu encerrar a associação com os motores Peugeot e assegurou propulsores Ferrari, que foram renomeados como Acer (nome de uma nova patrocinadora) como parte de uma estratégia para gerar receitas adicionais.
Apesar do cenário desafiador, o carro de 2001 revelou melhorias e alcançou posições pontuadas em três corridas graças ao desempenho de Alesi. Após quatro corridas, o piloto argentino Gastón Mazzacane foi substituído pelo brasileiro Luciano Burti, que lamentavelmente sofreu dois acidentes de grande impacto na Alemanha e na Bélgica – sendo que, no último, Burti enfrentou dias de internação hospitalar.
Mais tarde, uma troca de pilotos ocorreu entre a Prost e a Jordan, envolvendo a saída de Alesi e a entrada de Heinz-Harald Frentzen, além da substituição de Burti pelo piloto tcheco Tomas Enge. Entretanto, a equipe enfrentou dificuldades nas etapas finais da temporada e não conseguiu registrar outros resultados de destaque.
No início de 2002, as dívidas acumuladas tornaram-se significativas e a equipe fundada por Alain Prost entrou em falência. Um consórcio liderado pela Phoenix Finance adquiriu os ativos remanescentes da equipe e tentou participar do campeonato utilizando carros comprados da Arrows. Contudo, essa manobra não foi aceita pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e, como resultado, a trajetória da equipe chegou ao seu término nesse ponto, sem deixar a menor saudade.